Chegada em Montréal

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Aluguel do nosso apartamento

Nossa primeira semana aqui foi muito corrida, nem vimos o tempo passar. Para tudo que precisamos resolver é necessário marcar uma reunião, mas fomos sempre muito bem atendidos em todos os lugares. Resolvemos todas as burocracias do governo logo no início. Uma coisa diferente para nós foi a questão do horário, porque aqui escurece muito tarde e as noites são muito mais claras que no Brasil (durante o verão, pois no inverno o sol se põe as 16h30). Isso faz com que percamos a noção da hora, as vezes achamos que é cedo e quando nos damos conta já é muito tarde. Todas as casas por aqui tem muitas janelas grandes, de vidro e sem grades, por isso as casas recebem muita claridade, então para nós tem sido muito bom, pois acordamos logo cedo sem nos sentirmos cansados e nem com vontade de continuar na cama, o sol nos dá muita disposição (pena que no inverno isso vai acabar).

E por falar na falta de grades nas janelas, ainda não vi uma casa sequer com muros, no máximo com uma cerca viva para delimitar a propriedade e todas tem muito vidro, se não tiver cortinas ou persianas podemos ver toda a casa hehehe. Ainda não vi nenhum lugar “feio”, existem os bairros lindos, bonitos e menos bonitos. Alguns bairros são considerados mais nobres, com muitas casas e prédios residenciais, mas todos são bonitos, possuem parques e muitas áreas verdes, toda a cidade é bem arborizada.

Quando chegamos aqui entramos em contato com as pessoas que conhecíamos dos encontros no Rio e elas nos deram algumas dicas bem úteis. As pessoas com quem tínhamos mais intimidade (Nieli/Tiago, Vivian/Alex e Clarisse/Pedro) estão morando em um bairro chamado Rosemont. Esse é um grande bairro, com bastante contraste, pois as áreas Norte e Sul não são boas (tem problemas de gangue), mas a região central é muito boa, especialmente a parte que fica em frente ao parque Maisonneuve (um parque enorme, onde ficam o Biodome, o Estádio Olímpico e o Jardim Botânico).

Nós gostamos muito do local e os amigos moram ali, então começamos a procurar um aluguel nessa área. Clarisse viu diversos locais e nos passou, mas não conseguimos alugar em nenhum, alguns descartamos porque não dava acesso a uma boa escola e outros porque não conseguimos mesmo. O prazo para a saída do apartamento que alugamos no início estava se esgotando e começamos a ficar preocupados com o fato de ainda não termos conseguido alugar em nenhum outro local. Clarisse nos passou, ainda quando estávamos no Brasil, um e-mail que foi passado para ela por uma outra colega avisando de um apartamento para alugar em Mont-Royal, que é um bairro distante de onde estávamos procurando, além de não ter metrô por perto, e por isso não demos atenção.

Como já estávamos muito preocupados, resolvemos olhar esse apartamento e Grey telefonou para marcar uma reunião, mas a ligação caiu na secretária eletrônica e como ele não lembrava o número do nosso telefone para deixar na mensagem, desligou. Mais tarde recebemos uma ligação e a pessoa falou que tinha visto uma ligação nossa e que apesar de não termos deixado nenhum contato resolveu retornar a ligação (ela ligou porque tinha identificador de chamadas, mas disse depois que ligou já sem esperanças, só por desencargo de consciência mesmo), então marcamos para ver o apartamento no dia seguinte pela manhã (estávamos no sábado e marcamos para o domingo). Nesse mesmo dia, a noite, fomos visitar uma colega que conhecemos pela net (Patrícia) e que nos deu muitas dicas de escola (aqui nós não escolhemos a escola, a pessoa estuda na escola do bairro em que mora, então escolhemos o bairro de acordo com a escola que queremos estudar, mas depois descobrimos que essa regra é só até o primário, pois para o secundário a pessoa pode morar em um bairro e estudar em outro), ela nos mostrou como ver a escola que seria designada através do código postal da rua (no Brasil fizemos um milhão de pesquisas porque não sabíamos que era tão simples, demos voltas imensas para descobrir as escolas de cada bairro hehehe) e nos falou de algo que não sabíamos ainda: dentro de Montreal existem outras “cidades”, que na verdade são bairros com subprefeituras (como a Barra, por exemplo), e essas cidades tem comissões escolares próprias, independentes de Montreal e que, por serem bem menores, seus recursos são ainda melhor empregados que em Montreal. Resumindo: são lugares mais bonitos, mais nobres, com melhores parques, ruas, casas mais bonitas, melhores escolas e, consequentemente, muito mais caros de se morar. Mas aí veio o “pulo do gato”: algumas ruas de Montreal, pela proximidade com esses locais, permitem o acesso as suas escolas e clubes, então precisávamos descobrir esses lugares e encontrar aluguel por lá, é claro. Ela nos deu a dica de um bairro (Outremont) e eu, Grey e Allan combinamos de ir dar uma volta nesse bairro no dia seguinte para olhar e procurar casa para alugar, depois era só voltarmos na casa da Patrícia para procurarmos as escolas através do computador.

Saímos de lá muito tarde e chegamos em casa já de madrugada, mas tínhamos que acordar cedo no dia seguinte porque marcamos de olhar o apartamento no domingo pela manhã. Na verdade só fomos porque já estava mesmo marcado, a menina foi muito simpática e combinou de nos pegar de carro no metrô e ficaria muito chato desmarcar, mas eu estava louca para desistir achando que não ia mesmo dar em nada... ainda bem que Grey não pensou em desistir também.

Chegamos na estação marcada (Namur - que eu achei bem longe, pois estava na Berri-Uqam) e fomos de carro para o tal bairro. Pois bem, quando vimos o local nem precisamos falar um com o outro, dava para ver nos olhos as expressões de “é aqui que eu quero morar”. Eu me via passeando pelas ruas do bairro, andando de bicicleta... e, pela primeira vez desde que tínhamos chegado, vi o Allan feliz, fazendo planos, e isso para nós valia mais do que qualquer coisa. A menina que nos pegou e estava alugando é uma brasileira, do Piauí, chama-se Juliana e é super simpática. Ela e o marido nos receberam muito bem, nos sentimos como se nos conhecêssemos há um tempão, ficamos super a vontade. Eles tem um filho de 1 ano e quatro meses, lindo demais, tão simpático quanto os pais, e logo estávamos brincando com ele também. O prédio tem síndico no local, aquecimento incluso no aluguel (isso faz uma diferença enorme no inverno), lavadora e secadora. A cozinha já vem equipada com fogão, geladeira com freezer, exaustor e armários. Os quartos tem armários embutidos e por isso não é necessário comprar guarda-roupas, o quarto de casal possui uma sacada com vista para uma pequena rua nos fundos do prédio. Todas as janelas são de vidro duplo para evitar a entrada de ar frio no inverno e possuem também uma tela de correr para evitar a entrada de insetos, pois o bairro é muito arborizado e geralmente tem mosquitos a noite. Além disso o prédio é conhecido aqui em Montreal como “Copacabana Palace”, porque tinha 12 famílias de brasileiros morando (agora tem 13). O detalhe importante: sabe a história do bairro em Montreal perto de uma das “cidades” aqui dentro? Pois é, esse lugar é lindo assim porque fica em uma área nobre, que é Mont-Royal. Mas a rua desse prédio tem uma particularidade: metade dela pertence a Montreal e a outra metade a Mont-Royal, o prédio fica na parte de Montréal e por isso o aluguel é acessível, a placa com o limite dos municípios fica alguns metros depois. Como a rua faz parte das duas cidades os moradores podem usufruir de tudo que as duas oferecem, inclusive das escolas.
Fotos do bairro
Aí veio nosso receio, pois tudo estava perfeito demais. Explicamos que adoramos tudo, que gostaríamos imensamente de ficar com o apartamento, mas que primeiro tínhamos que pesquisar a escola e ela disse que tinha uma escola muito boa depois da esquina, há cerca de 5 minutos andando. Deixou que pesquisássemos do seu computador e vimos que a escola era realmente excelente, com uma boa média e programa internacional, mas não tínhamos encontrado essa escola nas nossas pesquisas no Brasil porque ela faz parte da comissão escolar de Mont-Royal, e não de Montréal, que era a que estávamos pesquisando. Alem disso, a escola também oferece a classe de acolhida (classe d'accueil) para filhos de imigrantes, que é uma classe onde eles aprendem termos específicos em francês (como termos de matemática, por exemplo) e também aprendem a gramática da língua, para depois frequentarem a turma regular.

Esse casal estava querendo passar o contrato de aluguel porque vagou um apartamento no fim do mesmo corredor (mas de frente para a rua) e eles queriam se mudar para lá. O apartamento estava alugado para um argentino que resolveu se mudar para outro prédio, mas como seu contrato ainda estava em vigor ele tinha que continuar pagando o aluguel, mesmo não morando mais lá. Se o casal alugasse o apartamento o aluguel dele cessaria, só que para isso tinham primeiro que alugar o apartamento em que moravam, senão iriam pagar três meses de aluguel como multa. Na semana seguinte o argentino iria anunciar o apartamento e eles não queriam perder a oportunidade de pegar primeiro. Explicamos que precisávamos fazer nossa mudança antes do fim do mês, pois nosso contrato venceria dia 31/08/09 e Juliana combinou tudo com o síndico. Mesmo assim não demos resposta na hora, com medo de nos precipitarmos, pois medíamos a distância de tudo por Rosemont, que é o bairro onde moram nossos amigos, e esse Mont-Royal é distante de lá. Também não passa metrô e ficamos com medo do transporte não ser bom, nisso a Juliana disse que não podia dar opinião porque tem carro e não utiliza o transporte público, que seria melhor conversarmos com outras pessoas do prédio. Depois queria nos deixar no metrô novamente para voltarmos para casa, mas achamos melhor voltar de ônibus e sentir um pouco como era o trajeto, então ela nos levou para mostrar o centrinho comercial, o parque e a escola.

Voltamos de ônibus para casa e vimos que realmente o bairro não era distante, pois fica muito próximo ao centro. O interessante aqui em Montreal é que as coisas não são centralizadas, como acontece em todas as cidades que conheço. Ninguém vai ao Centro (da cidade) para resolver alguma coisa. As lojas, departamentos e tudo o mais são espalhados pela cidade, em todos os bairros. Os bairros perto do metrô possuem mais comércios, bares e lanchonetes, são mais movimentados. Quanto mais longe do metrô, mais residencial e, consequentemente, mais bonito e mais seguro. Ou seja, morar perto do metrô tem suas vantagens e desvantagens.

Na verdade, quando falo em segurança é impossível comparar com o Brasil, pois aqui nos sentimos seguros em todo lugar, mas mesmo assim não saímos por aí dando mole. No primeiro bairro que fiquei tinha todo tipo de comércio e também muitos pedintes nas ruas. Aqui não existem mendigos como estamos acostumados a ver no Brasil, existem “moradores de rua”, que são pessoas que optaram por morar na rua (muitos até vem de família com dinheiro). Essas pessoas passam o dia na rua mas recebem ajuda financeira do governo e a noite vão para um abrigo, só que é proibido entrar lá bêbado ou drogado, então se estiverem nesse estado terão que dormir na rua e a policia não dá mole, expulsa dos hospitais, das praças, dos metrôs e de qualquer lugar público em que estejam tentando dormir. Eles não tem permissão de pedir dinheiro mas pedem assim mesmo, jurando que é apenas para tomar uma cerveja (a primeira vez que um falou isso a gente não acreditou no absurdo hehehe), se quisermos podemos dar o dinheiro, mas se negarmos eles não podem insistir e nem nos insultar, apenas saem e pronto. Apesar de não mexerem com ninguém, não gostaria de morar em um lugar com pedintes, pois ficaria preocupada com  Allan andando sozinho.

Em alguns bairros que passamos vimos paredes pichadas, geralmente em bairros mais humildes, por isso sabemos logo que nesses locais sempre há algum tipo de gangue ou desordeiros e evitamos andar por bairros assim durante a noite, “é melhor prevenir do que remediar”. A pichação nesses bairros não é grande como vemos no Brasil, é claro, mas existe sim e para mim isso é sinal de desordeiros por perto. Aqui não existem lugares “feios”, podemos classificar em lindos, bonitos e menos bonitos. Você só começa a achar um bairro “menos bonito” depois de ver outro mais bonito que ele. Fomos ver outro bairro, inclusive o sugerido pela Patrícia, olhar outros lugares, mas nenhum tinha em nós o efeito causado por Mont-Royal e todos pareciam sem graça. Decidimos que era lá que queríamos mesmo morar. Ligamos no domingo mesmo e falamos com Juliana, marcamos uma reunião com o síndico para o dia seguinte e levamos nossos documentos para análise.
Entrada do nosso prédio e a rua onde ele está localizado
Como não tínhamos conta em banco e nem histórico de crédito no país ele nos pediu três meses de aluguel adiantado, o que já esperávamos mesmo. Dois dias depois ligou avisando que fomos aceitos pela dona do prédio e podíamos ir lá para assinar o contrato. Claro que Juliana também ficou muito feliz, e o argentino idem. No sábado (30/08) nossos amigos Tiago e Alex nos ajudaram a fazer a mudança e tivemos uma surpresa quando chegamos ao apartamento: Juliana nos deu uma televisão e uma mesa de vidro lindíssima para coloca-la, algumas persianas para as janelas, três cadeiras de madeira para a cozinha (compramos a mesa de cozinha que eles tinham), duas lixeiras, uma pequena estante para a sala, duas cadeiras de ferro para a sacada. O argentino deixou no apartamento dele e a Juliana nos deu: uma cama box de casal, um sofá muito bonito e super confortável, duas mesas de cabeceira. Ganhamos quatro cadeiras de escritório giratórias dos moradores do prédio (nem sabemos quem deu, porque tudo foi entregue para Juliana e ela nos passou, demos duas para outro amigo e ficamos com duas). Juliana ainda nos emprestou um colchão de solteiro para o Allan não precisar dormir no colchão inflável. Ou seja, começamos muito bem, graças a ajuda desses novos amigos. De quebra, nesse prédio tem um quartinho onde os moradores colocam os objetos que não querem mais e quem tiver interesse é só pegar.
E foi assim que começamos

Aqui isso é muito comum de acontecer, quando a pessoa não quer mais alguma coisa ela simplesmente coloca na frente de casa para alguém levar (geralmente fazem isso no dia do recolhimento do lixo reciclável, porque se ninguém pegar, o caminhão recolhe), e quem tem interesse pega, quem não tem deixa para o próximo.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Abertura de conta no banco

Depois que já tínhamos um endereço fixo pudemos abrir uma conta no banco, colocar internet e telefone em casa. Não compramos celulares para poder economizar um pouco mais. Optamos por abrir nossa conta no BMO Bank, onde nossos amigos também já haviam aberto uma conta. Marcamos um rendez-vous com o mesmo gerente que os havia atendido. O gerente foi muito simpático, também é um imigrante (acho que é de Israel). Ele nos deu bastante assistência e tirou nossas dúvidas, falou que se deixássemos $ 1500,00 bloqueados na conta não pagaríamos taxas e ele poderia solicitar dois cartões de crédito para começarmos a construir nosso histórico de crédito no país (mas depois de alguns meses eles desbloquearam esse valor). Tudo aqui funciona em torno desse histórico, há empresas especializadas nisso e para tudo seu histórico é consultado (para saber se a pessoa é confiável financeiramente). Como aqui não se vende nada a prestação, tudo gira em torno do cartão de crédito, geralmente as pessoas compram a vista no cartão e depois pagam apenas uma parte, porque aqui os juros são de 0,5% ao ano.

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Viagem e chegada à Montréal

Quem nos levou até o aeroporto foi Carlos André, o Berré, amigo e chefe do Grey. Mas ele não pode ficar muito tempo e por isso não apareceu nas fotos da despedida do aeroporto.

Nossa viagem foi bem tranqüila. Parece bobagem, mas o fato dos amigos estarem no aeroporto nos deixou mais confiantes para viajar, pois fomos mais tranqüilos para o avião, apesar da saudade bater um pouco à porta avisando que estava chegando. Era um sentimento engraçado, porque ao mesmo tempo em que estávamos muito felizes, estávamos também ansiosos e tristes por deixar amigos e parentes.

Quanto a viagem, fomos pela American Airlines e o voo foi tranqüilo, apesar de não ser muito confortável (viajar de classe econômica é fogo). Não tivemos problema algum com as bagagens, todas chegaram em perfeito estado e todas embarcaram sem precisarmos pagar adicional. Essa história do tamanho é bobagem, o que conta mesmo é o peso. Nossas malas eram enormes, duas delas com o dobro do tamanho permitido, mas passaram sem problema algum. O berimbau foi amarrado em uma das caixas e também ninguém da empresa aérea implicou com isso, mas eu já tinha me informado antes e a AA avisou que eu poderia leva-lo assim, já a United Airlines disse que não permitia.

Obs.: a comida do avião estava muito boa, uma delícia!
Nossa "pequena" bagagem
Perdemos o vôo de conexão em Miami porque o funcionário que confere os passaportes e autoriza a entrada no país levou muito tempo para nos atender, então ao invés de pegarmos o vôo das 8:30, pegamos o das 12:30 e acabamos só chegando em Montreal a noite. Antes de fazermos a transferência de voo é necessário passar por lá e algumas vezes demora bastante, porque todos os voos saem no mesmo lugar e as filas ficam bem grandes. Pegamos um voo com duas horas de conexão, mas foi pouco tempo e quando o funcionário terminou de nos atender nosso voo já havia partido. De qualquer forma foi muito bom, pois no próximo voo sentamos os três juntos e nas primeiras cadeiras, também não pagamos nada para partirmos no próximo avião disponível.


Na chegada à Montreal fomos novamente para a fila de conferência de passaportes e autorização de entrada no país (antes foi nos EUA, agora no Canadá). Se achamos a outra fila grande, vocês não imaginam o tamanho dessa!!! Por incrível que pareça, foi mais rápido que nos EUA. Como chegamos direto em Montreal fomos logo para o escritório da imigração (MICC) e fizemos o primeiro contato. Um funcionário muito simpático nos atendeu e arrumou nossa documentação, assinando também o documento que tínhamos recebido do consulado (quando encerramos o processo federal recebemos um papel enorme do Consulado, em três vias. É um papel bem vagabundo, mas deve ser guardado com muito cuidado, porque é nossa “certidão de nascimento” aqui. O funcionário da imigração destaca uma das cópias e nos entrega, o restante fica com ele. Essa cópia nos acompanhará em todos os momentos, para tudo nos pedem esse papel, mesmo depois do NAS – nosso CPF aqui – ainda pedem ele). Depois nos encaminhou para outro departamento, onde já ficou marcado nosso “rendez-vous” no MICC para o dia seguinte (reunião muito comum aqui, para tudo tem rendez-vous, que é simplesmente uma reunião com hora marcada). Recebemos também três mapas de Montreal e algumas orientações e formulários para pedir a ajuda financeira para o Allan. Depois descobri que esses mapas que recebemos podem também ser pegos nos guichês dos metrôs e é gratuito.

Já na saída do aeroporto um funcionário da alfândega viu a verga do berimbau amarrada na caixa e nos parou para fiscalizar o que era “aquilo”. Grey explicou que era parte de um instrumento musical mas o cara não acreditou. Já foi logo cortando a fita adesiva que estava prendendo o berimbau para ver o que tinha dentro da caixa, mas eu fiz cara de mau e sinal para ele ir devagar porque ia estragar o berimbau (ele falava tudo em inglês e eu não falo inglês), aí perguntou se era meu e eu fiz sinal que sim, então ele se acalmou um pouco e esperou pacientemente que eu retirasse toda a fita com cuidado, abriu as duas caixas e quando viu as panelas perguntou se tinha comida dentro e eu disse que não, Grey explicou que a comida estava na outra bolsa e ele não pediu para olhar, se deu por satisfeito (no avião nos entregaram uma ficha para preencher e nessa ficha perguntam se estávamos levando comida e achamos melhor declarar que sim, apesar de ser apenas um quilo de arroz e um de feijão, para a primeira semana). Acho que ele foi com a nossa cara, porque quando passamos por outras pessoas, depois de liberados, vimos gente desesperada arrancando tudo de dentro das malas e jogando pelo chão mesmo.

Pegamos um táxi no aeroporto (o preço é tabelado em 38 dólares para qualquer lugar de Montreal) e aí já começamos a ver o nível de organização: as pessoas que chegam vão fazendo uma fila e tem um inspetor para organizar. Quando o inspetor viu nossas malas enormes mandou que encostássemos em um canto para dar prosseguimento a fila e chamou, pelo rádio, o maior carro que tinha. O taxista disse que nem no carro dele caberia tudo e que tínhamos que chamar dois táxis, mas Grey começou a arrumar e coube tudo em um só.

Depois disso fomos para a casa que alugamos para os primeiros 15 dias. É uma casa toda mobiliada e isso foi ótimo porque ajudou muito em nossa adaptação. Possui dois andares, com três quartos, TV a cabo e telefone, camas, armários, microondas, fogão, geladeira, máquina de lavar, ferro e tábua de passar... enfim, tudo que é necessário em uma casa. Essa casa fica em uma região central a 200m do metrô, dessa forma temos facilidade de nos movimentar pela cidade. O aluguel foi de C$ 700,00 por 15 dias, mas na verdade ela tinha cobrado C$ 850,00 e como nós negociamos caiu para C$ 700,00.

Fachada da casa que alugamos para os primeiros 15 dias

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Finalmente o grande dia!

Nossa viagem foi no dia 16/08/09 e nossa despedida final foi, é claro, no aeroporto. Vários amigos e família estavam lá, totalizando 23 pessoas. Como não temos fotos com todas as pessoas, pois algumas não quiseram tirar, vou escrever seus nomes, assim nunca esqueceremos quem estava conosco nesse dia:
Amigos do Allan: Gabriel, Rodrigo, Murilo, Gustavo, Juliana (com seus pais).
Amigos do Encontro Rio: Leonardo e a namorada, Harley e Fábio, Bruno, Luciana e Giulia, sua filha.
Família: Astor e Isabel, Edmo, Ana Célia
Amigos: Júlio e Márcia (pais do Murilo), Carlos André (Berré)/Alexandra (Nega) e Giulia. Foi Berré e Nega quem nos levaram ao aeroporto, mas não podiam ficar muito tempo porque Giulia ainda é pequenina, então ficaram um tempo e depois foram embora, antes das fotos.


Nesse dia Allan ganhou fotos de presente da Ju e do Murilo também. Colocoamos essas fotos em um quadro, em seu quarto.


sábado, 15 de agosto de 2009

Festa de despedida em casa

Ufa! Amanhã a essa hora já estaremos no avião!

Mas hoje fizemos um churrasco que contou com a colaboração de vários amigos, pois quase tudo que era nosso havia sido vendido ou estava embalado para a viagem do dia seguinte. O pai do Grey levou mesas e cadeiras, Bastos levou a churrasqueira (e também cuidou do churrasco), Maurício (Mau-Mau) levou o computador com as músicas e caixas de som, cada um levou algo para comer, usamos pratos, copos e talheres descartáveis. Nesse dia, mesmo estando com a bagagem já embalada, ainda ganhamos alguns presentes: brincos e blusa dados pela Mônica (viajarei com eles amanhã), um baralho dado por Ana Célia (minha sogra), um gloss labial dado pela Carla, esposa do Mau-Mau e um livro dado a Grey pela Cláudia, falando sobre amizade.


Obrigada, pessoal!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Breve explicação sobre os "filhos adotivos"

Quando Allan começou a estudar no Gonçalves Dias fez uma grande amizade com mais três outros garotos, todos filhos únicos como ele: Murilo, Gabriel e Arnold. Eles quatro eram muito unidos e faziam tudo juntos. Conforme foram crescendo, passaram a dormir uns nas casas dos outros todos os fins de semana e depois também durante as férias. A um tal ponto que os pais (eu inclusive) chegavam a se revesar nas férias e fins de semana para saber quem ia passear com eles, quem ia "hospedar" a galera.

E era tudo muito natural, nem cogitávamos da idéia de fazer algo sem os outros. No início, quando eles chegavam, já era certo que ficariam para dormir, todas as mães sabiam que viria aquele pedido: "posso ficar para dormir aqui?". Ou então quando Allan ia para a casa de algum deles eu sabia que logo depois ele telefonaria perguntando se poderia dormir lá. Depois de algum tempo ficaram todos sem-vergonha e ninguém nem perguntava mais nada, a gente já sabia que vinham para ficar mesmo, e se não viessem, já telefonávamos umas para as outras (as mães) querendo saber porque o filho não ia ficar para dormir. A tal ponto que uns tinham escovas de dente na casa dos outros, para o caso de esquecerem de colocar na mochila antes de sair de casa. Nós, sempre que íamos fazer um passeio, pensávamos em como fazer para levar todos os filhos e nem sempre tinha espaço para levar todos, então revesávamos. A bagunça era sempre garantida, mas também o respeito e a amizade que tinham perduram até hoje.

Da esquerda para a direita: Gabriel, Murilo, Allan e Arnold

Despedida de Allan com os amigos do CEFET

Assim como na despedida com o pessoal do Gonçalves Dias, hoje rolou muita bagunça, mas muita mesmo. A diferença é que havia também meninas. Allan vestiu a camisa do CEFET e os amigos assinaram e escreveram recados nela. Os "filhos adotivos" também estavam presentes nessa despedida.

Juliana esteve presente em todos os momentos. Ela e nossos "filhos adotivos" Arnold e Gabriel. Murilo também é um dos filhos adotivos, mas ele estava super sensível com a viagem e preferiu ficar em sua casa nessa última semana, apesar de ter ido a festa de despedida. Os outros literalmente acamparam lá em casa, dormindo em qualquer lugar que desse para encostar a cabeça, visto que não tínhamos mais nem as camas, passaram a semana toda conosco e disseram que ficarão até o momento da viagem, que irão daqui diretamente para o aeroporto.








quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Despedida na capoeira

Como não podia deixar de ser, fizemos também nossa despedida da capoeira. A despedida oficial foi hoje na roda de aniversário do Chumbinho, mas hoje não jogamos porque vamos viajar essa semana e ficamos com medo de ficar doloridos ou de ter algum incidente de última hora. Mas não tem problema, pois tivemos uma roda no sábado passado e jogamos muito. Estou toda dolorida ainda hehehe. Chumbinho nos deu uma roupa de capoeira novinha. Valeu, Chumbinho!

Seguem as fotinhas da capoeira (de sábado e de hoje):
Lume e Águia jogando

Lume (Grey), Chumbinho, Tangará (eu), Águia e Coral

Lume, Tangara, Coral, Chumbinho, Maria Bonita, Tartaruga, Maradona e Gustavo

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Seguro viagem e "assurrance maladie"


No Québec o sistema de saúde é gratuito e se chama “assurrance maladie”. Mas ele é gratuito somente para pessoas que residem no Québec e há uma carência de três meses (contando da data de entrada no país) para começar a utilizar o sistema gratuitamente. O mais aconselhável é fazer um seguro antes de sair do Brasil, pois assim estaremos cobertos desde o dia da viagem.

A carência da "assurrance maladie" é de três meses, contando o mês que se chega ao Quebec e não o dia. Ou seja, se nós chegarmos dia 17/08/2009 temos direito a atendimento médico gratuito a partir do dia 01/11/2009. Até essa data devemos ter uma cobertura para o caso de algum acidente ou doença. Essa carência da "assurrance maladie" é nula nos seguintes casos: doença infectocontagiosa (como a gripe suína, por exemplo), gravidez ou agressão doméstica. Nestes casos a pessoa pode ser atendida no hospital sem pagar.

Existem diversos planos de seguro viagem internacional no mercado. Nós optamos pela GTA porque achamos o melhor custo/benefício. Fizemos o plano bronze que sai por R$ 108,00 individual para 90 dias (não precisaríamos dos 90 dias, mas de 63 a 90 dias é o mesmo valor). No plano familiar a pessoa principal paga esse valor e cada dependente paga 75% disso. (No nosso caso: 108,00 + 81,00 de cada dependente (2 dependentes)= R$ 270,00)http://www.seguroviagemgta.com.br/sitev2/planos/produtos_detalhes.asp?planoId=3837

sábado, 8 de agosto de 2009

Despedida dos amigos que fizemos na capoeira e que ultrapassaram os anos

Nossa despedida foi em uma pizzaria (eu admito: adoro pizza) com nossos amigos: Foca, Amanda (irmã do Águia), Águia e Nina. Águia e Nina nos deram um cristo redentor de vidro (símbolo do Rio de Janeiro) e levaremos ele para o canadá com muito carinho.

Amamos a noite que passamos juntos e a bagunça ao voltar para casa de ônibus com Foca. Vamos sentir muita falta de vocês, amigos.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Despedida de Allan com os amigos do Gonçalves Dias

Allan fará duas despedidas oficiais. Digo oficiais porque ele fez mais um monte em pizzarias com os amigos. Mas enfim, as oficiais serão em casa. Hoje foi a primeira, com os amigos do Gonçalves Dias, onde ele estudou o ensino fundamental.

Rolou muita, mas muita bagunça mesmo. Deixo abaixo as fotinhas para registrar o momento "bagunça".

A briga para ver quem pega mais batata frita

Momento video-game

Momento "pose para a foto"

Despedida dos amigos do Encontro-Rio

Nossa despedida foi em um restaurante e contamos com a presença dos nossos amigos do Encontro Rio, que também desejam imigrar. Ganhamos um chaveiro do Henrique e da Tatiana e eles nos disseram que quando alguém se muda nós devemos dar um chaveiro de presente para desejar sorte na nova casa. Nós o usaremos na chave do nosso apê, e esse chaveiro fará também parte da nossa história.


Bruno, Roberta e Jacson também estiveram na despedida, mas não estavam lá no momento da foto.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

E-cas e pedido de exames médicos

Acompanhamos todo nosso processo pelo e-cas, que é o site do governo onde nosso processo fica registrado. Quando o processo é aberto nosso nome é colocado no e-cas. A partir daí os documentos começam a ser avaliados. Quando passamos essa parte o nosso endereço será colocado no e-cas para que possamos conferir se está correto. Se não estiver correto devemos corrigir por lá mesmo. Para acessar o e-cas é preciso já ter o processo federal aberto, pois utilizamos o número do processo para abrir nossa página. Segue o link do e-cas: https://services3.cic.gc.ca/ecas/authenticate.do e o passo a passo para acessar as informações no e-cas:

tipo de identificação = Immigration File Number (é a 3ª opção)
número de identificação = é o número que vem escrito em sua carta de abertura do processo. Possui uma letra e 9 números
nome de família = o último sobrenome do demandante principal
data de nascimento = do demandante principal
país de nascimento = também do demandante principal

Nosso pedido de exames médicos chegou no dia 04/07/2009, 20 dias antes do prazo especificado na carta de abertura do processo. Como os exames já estavam todos prontos, só fizemos levar a papelada ao médico e despachar para Trinidad Tobago. Perturbei o médico para despachar no mesmo dia e telefonei duas vezes para saber se já havia sido despachado, até que ele resolveu enviar. Fiz isso porque sei que os médicos ficam esperando juntar uns dez pedidos para enviar tudo em um pacote, apesar de cada família pagar o valor do envio separadamente (assim ele guarda o restante do dinheiro para ele). Acompanhamos o trajeto dos exames pela net, levou 36 horas para irem do Rio de Janeiro para Trinidad Tobago, via Fedex. A maior demora é porque primeiro o pacote vai para os EUA, depois que começa a voltar. Dia 25/07/09 chegou nosso pedido dos passaportes.

Enviei no dia seguinte, pela manhã e já comprei as passagens. Mas os passaportes carimbados só voltaram hoje (um dia antes do meu aniversário) e já estávamos ficando desesperados, pois nossa passagem é para o dia 16/08/2009. Enfim, tudo acabou bem.

Obs.: nossa passagem foi comprada só de ida pela Americam Airlines, com escala em Miami.