Chegada em Montréal

sábado, 17 de julho de 2010

Trabalho - Grey

Descolei meu primeiro trabalho. É como garçon num restaurante de uma residência para idosos que se chama L'Image d'Outremont. Consegui através da indicação de um amigo (Caio) que já trabalha no restaurante. Comecei no dia 8-julho-2010. A entrevista foi por telefone mesmo, mas foi bem sucinta. Dei sorte, o chef precisava muito de alguém para começar no próprio dia 8. Já havia conversado duas vezes com ele antes, mas rapidamente pois ele estava enrolado contratando um novo cozinheiro.
A residência é de alto nível e pode-se dizer que o padrão do restaurante é de 4 estrelas. A maioria dos residentes é bem simpática e o bom é poder treinar o francês com pessoas daqui. Tem dias que são mais tranquílos, mas tem dias que são bastante corridos. Comecei trabalhando durante toda a semana, mas a intenção é de trabalhar apenas no fim de semana. Vou deixar a semana livre para estudar.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Francisação Grey

Como Leide comentou, eu comecei minha francisação no nível 3. A primeira aula foi uma aula de revisão, que serve para o professor avaliar o nível da turma (os que vieram do nível anterior) e saber se os alunos que foram encaixados pelo MICC estão realmente no nível correto. Senti bastante dificuldade nesta revisão e mesmo quando sabia a resposta, as vezes não sabia explicar o porquê e isso me incomodou bastante, já que a maioria da turma sabia do que estava falando. Por isso resolvi pedir para voltar para o nível anterior e a professora concordou. Cursei apenas dois dias no nível 3 e no terceiro dia já estava na turma que acompanharia até o final do curso.

No nivel 2 meu professor foi o M. Gaétan Roy (québécois) e a monitora foi Jennifer Pocart (francesa). Os dois trabalhavam muito bem juntos. Apesar serem québécois, os professores sempre utilizam um francês standard. Logo não há nenhum problema quanto a dificuldade de compreensão. O M. Gaétan gostava muito de brincar com esse receio do imigrante quanto ao sotaque québécois e as vezes ele falava com o sotaque de sua cidade natal (do interior do Québec) apenas para termos uma noção do que poderíamos escutar saindo de Montréal.

No nível 3 tive duas professoras, Mme. Marie-André e Mlle. Valerie (ambas québécoises). Mlle Valerie nos dava aula apenas as sextas-feiras pois Mme. Marie-André estava para se aposentar e num processo de transição daqui, quem está nesta fase passa a trabalhar apenas 4 dias por semana. Nosso monitor foi M. Richard (québécois, o mesmo que a Leide teve no primeiro período).

Pouco antes de terminar a francisação, quem quisesse deveria se inscrever para fazer uma prova e continuar com o francês escrito ou francês oral (um nível mais avançado focando em uma ou outra competência). Tanto eu quanto alguns alunos de minha turma e muitos e muitos outros de vários locais diferentes se inscreveram. Fizemos a prova, que era composta apenas de uma redação, e na semana seguinte tivemos a surpresa de que o governo cancelou as turmas de francês escrito. Fizemos manifestação em frente ao ministério, mas não adiantou nada.

Solução: ir para a Comissão escolar. A diferença é que assim não recebemos bolsa de estudos durante o curso. Cursei em Outremont High-Scholl. Fiz uma prova de nivelamento e fui classificado para o último nível. Este curso também foi muito bom.

Francisação Leide

Fizemos nosso teste de francisação no dia 01/10/09. No momento da minha entrevista uma das primeiras perguntas foi se eu queria estudar em tempo integral ou parcial. O parcial era no período noturno e o integral no diurno (8:30 as 16:30). Escolhemos o integral porque dá direito a bolsa (nós recebemos 23,00 por dia de estudo, mas se faltar não recebe e se tiver feriado também não).
Podemos fazer a francisação em três tipos de estabelecimentos: comissão escolar ou ong (para quem não fez faculdade em sua formação), CEGEP (para quem tem até 15 anos de estudos), faculdade (para quem tem 16 anos ou mais de estudos). O agente procura nos encaminhar para o local mais próximo de nossa residência e nós podemos mudar se quisermos, é só pesquisar antes da entrevista. Ele me enviou para o CEGEP que escolhi e a entrevistadora do Grey fez a mesma coisa, por isso nós dois estudamos no mesmo local, no CEGEP Bois-de-Boulogne.
Eu fui classificada para o avançado um, Grey para o avançado três, e as aulas começaram dia 03/11/2009. Quando Grey começou a estudar ele pediu para retornar para o segundo nível, pois mesmo falando bem, sentiu falta de entender a gramática e sabia que isso seria prejudicial mais à frente. Conhecemos pessoas que já falavam bem o francês e optaram por fazer uma faculdade ou mestrado e agora sentem dificuldades na hora de escrever monografia/tese, justamente por causa da falta da gramática.
Eu achei a francisação muito importante e útil. Nos ajudou a entender um pouco a cultura e a fazer amizade com pessoas de outras nacionalidades. É claro que o aprendizado depende muito do professor, mas a francisação tem um programa a ser seguido e por isso os professores não ficam enrolando, eles realmente ensinam. Alguns são melhores que os outros, sem dúvida alguma.
Quando estudamos na francisação aprendemos a gramática da língua, não só a falar como na rua. Isso faz uma grande diferença para quem deseja estudar depois.
A idéia seria Grey entrar em um curso do CEGEP pedindo "prêt e bourse" depois da francisação. Eu pretendia começar a trabalhar, mas para isso precisaria também melhorar o francês, então me dediquei a isso. Durante a francisação não procuramos trabalho, mas vimos que tem muito para quem vai trabalhar fora da área, em vendas, caixas de mercado...
Nós nos programamos para conseguir ficar sem trabalhar e nos dedicarmos aos estudos, tentamos economizar de várias formas, mas topamos alguns trabalhos para ganhar um dinheiro extra e não mexermos no dinheiro do Brasil (mas só trabalhos que não nos impediram de estudar). Essa parte descreverei no tópico “trabalho”.
Estudei meu primeiro período na francisação com madame Noëla Thomas (natural do Québec) e o monitor foi monsieur Richard (também natural do Québec). Madame Noëla foi uma das melhores professoras que já tive até hoje (ela estava se aposentando e era seu último ano de trabalho). Me identifiquei com sua metodologia e evoluí rapidamente, não só eu, como toda minha turma. Ela nos fazia trabalhar forte e avançamos muito no conteúdo, tanto que todos se admiravam que nossa turma ainda estivesse no primeiro período.
O segundo período foi com madame Denise Coutu (natural do Québec) e a monitora foi madame Brigitte Crevier (natural do Québec, mas cresceu na França). No início do segundo período teve premiação para os alunos destaque e tanto eu (na minha turma) quanto Grey (na turma dele) fomos escolhidos como destaque. Foram nossos professores do período anterior que nos escolheram. Esse período foi bem mais fraco que o primeiro e madame Denise focava muito nos verbos, praticamente não falávamos ou escrevíamos, geralmente só nos exercícios ou nos ditados (uma vez por semana). Mas nossa monitora era excelente e acabava nos ensinando alguns conteúdos que sentíamos necessidade, por já termos avançado no primeiro período. Perto do fim do período, reuni a turma para fazer um abaixo assinado e pedir que madame Noëla fosse nossa professora no terceiro, tendo madame Brigitte como monitora. As duas estavam de acordo e disseram que adorariam trabalhar juntas com nossa turma, assim tínhamos certeza de recuperar o que não avançamos no segundo período (a professora deu todo o conteúdo previsto para o segundo, o problema era que tínhamos condições de avançar muito mais e ela não deixou, assim acabamos não praticando tudo o que tínhamos aprendido antes). Fizemos o abaixo assinado e reuni uma pequena comissão para entregar nosso pedido ao diretor de nosso departamento, mas ele indeferiu o pedido e colocou outro professor para o terceiro período.
O terceiro período eu estudei com monsieur Fred Jacques (natural do Haiti) e a monitora foi madame Marie-Claude Julien (natural do Québec e ferrenha defensora do patriotismo). A monitora era horrível, foi a pior que tivemos. O professor era bom, mas nem se comparava a madame Noëla, afinal ele sabia muito, muito mesmo, mas não tinha a facilidade para ensinar e sua metodologia não era boa. Mas, mesmo assim, aprendemos muita gramática e praticamos muita escrita, pois todos os dias ele nos dava um ditado e algumas vezes fazíamos escrita livre, só faltava praticar conversação, que deveria ser na aula da monitora, mas ela era muito falha e não gostava de nossa turma, pois fazíamos cobranças. Como suas aulas eram um fracasso, alguns alunos começaram a “desestruturar” a aula com conversas e barulho, além de não participarem espontaneamente quando ela tentava propor alguma atividade. Algumas vezes eu mesma intervinha com o grupo para melhorar as relações com a monitora (eu era meio que considerada uma representante da turma e sempre escutavam o que eu falava), então o trabalho da monitora foi caminhando a passos lentos e deixou muito a desejar.