Chegada em Montréal

sábado, 4 de junho de 2011

Duas cidades

Gabriel é um amigo do meu filho que já veio a Montreal duas vezes, ambas no inverno. Minha sogra veio no verão e ficou até o início do outono. Pois bem, se Gabriel e minha sogra começarem a conversar sobre Montréal eles vão falar de duas cidades bem diferentes, porque Montréal realmente se transforma em outra cidade nessas duas estações distintas.

Alguém duvida disso? As fotos da mesma linha foram tiradas exatamente no mesmo local, sendo que as da esquerda foram tiradas no verão e as da direita no inverno.

Chemin Canora

Entrada do meu prédio

Parc Maisonneuve

Parque Mont-Royal

Estradinha perto de casa

Pracinha

Estação de trem Canora

terça-feira, 31 de maio de 2011

Agente ou conselheiro de emprego

Existe uma grande diferença entre um agente de empregos e um conselheiro de empregos.

"Conselheiro de empregos" é a pessoa que trabalha auxiliando na procura de emprego (segundo interesses, competências e aspirações), ajuda a focar nos objetivos da carreira e a estabelecer planos de ação. Para isso o conselheiro de empregos promove ateliers, ajuda a fazer o CV e a carta de apresentação, treina para a entrevista, explica como telefonar para a empresa, como manter uma relação do envio de CVs, etc. Ou seja, é a pessoa que nos prepara para o mercado de trabalho.

Podemos encontrar um conselheiro de emprego em vários órgãos comunitários, como Carrefour JeunesseCACIPROMIS e vários outros. Esses órgãos são, em geral, subvencionados pelo governo e oferecem vários tipos de ajuda. Nathália é minha conselheira de emprego no Carrefour Jeunesse.

Além do conselheiro de empregos, podemos contar com o "agente de empregos" do Emploi-Québec. O agente de empregos nos acompanhará sempre e para isso é preciso abrir um dossiê no Emploi-Québec. Geralmente quem chega ao Emploi-Québec apenas para fazer pedidos tem o seu pedido recusado. É preciso montar um histórico de caminhada para conseguir usufruir dos benefícios. O agente de empregos gosta quando mostramos que temos um conselheiro de emprego e que ele nos aconselhou a fazer determinado pedido, pois assim ele pode ver que estamos buscando nos aperfeiçoar e/ou realmente trabalhar. Mas enfim, para que queremos um agente de empregos?

O agente de empregos é responsável pelos suportes a inserção no mercado de trabalho. Sendo assim, digamos que estejamos procurando um emprego e, apesar de termos feito tudo que foi orientado pelo nosso conselheiro, não estamos recebendo resposta positiva. O que falta? Tradução de documentos, equivalência de diploma? Peça ao seu agente de empregos. Ele irá avaliar e decidir o que deve ou não ser reembolsado. O meu marido, por exemplo, conseguiu reembolso de todas as traduções e da equivalência também, eu consegui apenas o valor da equivalência, mas não das traduções. Porém, não adianta mandar traduzir e depois pedir reembolso, deve-se perguntar antes ao agente e se ele der sinal positivo é só mandar fazer a tradução, pegar um recibo e deixar no Emploi-Québec em nome do seu agente. O reembolso vem pelo correio, em forma de cheque.

Mas afinal, você continua sem emprego? O francês não está bom? Seu agente irá avaliar se você precisa melhorar seu francês e lhe encaminhar para um curso gratuito, algumas vezes dando uma ajuda de custo durante o curso. Digamos que seu francês esteja bom, mas você precisa é de uma atualização para o mercado de trabalho, um curso para aperfeiçoar suas qualificações. Peça ao seu agente, qualquer que seja o curso, só ele pode decidir se você vai ou não recebe-lo. Existem muitas possibilidades com seu agente do Emploi-Québec, é preciso saber como e quando usufruir.

No entanto, como eu disse antes, não adianta chegar lá e dizer que precisa de algo. É preciso antes ter aberto seu dossiê, ter um histórico. Quando mais esforço demonstrado, maiores chances de conseguir. Por exemplo: meu marido chegou aqui e começou a procurar emprego, mandou vários CVs por conta própria e nada. Ele percebeu que precisava de um curso para se especializar e quando tentou entrar no curso desejado descobriu que esse era um curso oferecido pelo Emploi-Québec, ele não podia simplesmente se inscrever no curso. Ele então foi ao Emploi-Québec e pediu uma vaga, mas o agente disse que precisava de motivos para justificar que estava lhe dando uma vaga e esses motivos não existiam. Para o Emploi-Québec meu marido apareceu lá e pediu um curso sem nem mesmo tentar antes se inserir no mercado de trabalho, ele não havia procurado o serviço antes, não tinha um histórico para provar sua caminhada na busca de empregos e por isso não era admissível ao programa. Depois disso procuramos uma conselheira de empregos e um agente de empregos do Emploi-Québec para começarmos a montar nosso histórico por lá.

Início do trabalho na garderie




Quando estava no último período da francisação comecei a procurar emprego. Meu primeiro passo foi entrar em contato com uma conselheira de emprego do Carrefour Jeunesse chamada Nathália, que na verdade é uma brasileira que eu já tinha conhecido através de uma amiga chamada Luciene. Nathália trabalha muito bem e também é a conselheira de emprego do meu marido, Grey. Ela me ajudou a preparar meu CV, minha carta de apresentação, explicou sobre o mercado de trabalho, treinou a entrevista comigo (até a maneira que devia me vestir para a entrevista), me orientou como validar meu diploma. Além disso, ela reuniu 4 pessoas que estavam interessadas em trabalhar em garderie e fez uma reunião para explicar todo o funcionamento e dar dicas de como trabalhar, quais são os procedimentos adotados aqui, etc. Eu estava procurando como educadora em garderie (creche), pois ainda não havia validado meu diploma. Ela me indicou uma empresa chamada SREPE, que fornece educadoras substitutas para as garderies, onde ela mesma já tinha trabalhado. Eu amei a idéia porque era justamente o que estava procurando, visto que posso deixar 2 dias livres por semana para estudar, ou trabalhar a semana completa, de acordo com minha necessidade.

Para trabalhar em garderie é preciso ter um curso de primeiros socorros e reanimação cardio-vascular feito aqui no Québec. Fiz o curso antes de mandar meu CV (dia 06 de junho), no próprio SREPE. Outra exigência é o atestado de impedimento judicial (l'enquête d'empêchement judiciaire), o "nada-consta" específico para garderie. Eu já tinha um atestado anterior, que tirei para poder treinar as meninas no futebol, mas esse era um atestado geral, não específico de garderie.

Decidi que era esse o emprego que queria, caprichei no CV e na carta de apresentação, pedi para meu professor da francisação fazer a revisão, enviei tudo e depois telefonei para lá, conforme Nathália tinha me orientado, mas nem uma vez consegui entrar em contato com eles. Como eu queria realmente esse emprego fui lá pessoalmente três dias depois com a intenção de mostrar que estava interessada de verdade. Na hora falei com a responsável pela orientação, ela pegou meu CV e minha carta, foi lendo e me fazendo várias perguntas relacionadas a sala de aula, depois falou que iria marcar uma entrevista para mim no dia 15/junho/2010, às 15:30h. 

Treinei a entrevista com minha agente e fiz tudo de acordo com o que ela orientou, inclusive me vesti conforme suas orientações. Cheguei lá toda feliz (e nervosa) no dia da entrevista, 10 minutos antes do horário marcado (ou do horário que eu achava que estava marcado). Na verdade a entrevista estava marcada para as 13:30, mas em francês a pronúncia de treze e três é muita parecida, assim como em português. Para mim, que estava nervosa e ainda um pouco crua no francês, entendi o horário errado. Na hora me deu um desespero enorme, pensei: "já era, perdi o emprego por uma bobagem". Mas a responsável era a mesma que tinha falado comigo antes e remarcou minha entrevista para dois dias depois, no dia 17/06/2010 às 13:30. Dessa vez confirmei direitinho o horário e até hoje confirmo, melhor do que perder a hora.

A entrevista foi coletiva, eu e mais 9 pessoas. Eu era a única que não tinha francês como língua materna, que não tinha me formado aqui e que nunca tinha trabalhado em uma escola daqui. Mas não dei o braço a torcer, respondi todas as questões (todas voltadas para experiência com ensino, cada uma mais "pegadinha" que a outra) sabendo do que estava falando, devido aos meus anos de experiência na profissão, pois a entrevista que treinei com Nathália não teve nada a ver com essa entrevista, mas o mini-curso que ela deu ajudou bastante, pois pude adaptar minha experiência com as informações que ela forneceu e correu tudo bem. Como eu nã tinha um vocabulário muito vasto, procurei ser sempre a primeira a responder, assim não ficaria literalmente "sem palavras" no momento de dar minha resposta, afinal se alguém falasse o que eu iria falar seria muito complicado encontrar palavras para dizer a mesma coisa, mas sem repetir o que a outra já tinha falado. Ao final da entrevista eles pediram que todos fornecessem referências e como eu não tinha os telefones no momento, falei que enviaria no dia seguinte.

No dia seguinte a entrevista enviei uma carta de agradecimento para a entrevistadora e forneci duas referências (da responsável pelo clube onde eu treinava as meninas do futebol e da mãe do Tiago, o menino que tomo conta). Eles ligaram para os dois e pediram informções sobre minha conduta no trabalho e minha pontualidade. Três dias depois estava recebendo minha resposta positiva. Eles marcaram uma reunião onde eu entreguei meus documentos pessoais e diplomas (ainda sem tradução) e a própria empresa se encarregou de dar entrada no meu atestado de impedimento judicial. Eu só poderia começar a trabalhar depois que tivesse esse atestado em mãos, então tive ainda que esperar quase um mês para começar. Este foi o único CV que enviei. 


Enfim, meu atestado ficou pronto no dia 07 de julho e eu comecei a trabalhar nas garderies no dia 19/julho/2010, mas no início não tinha trabalho todo dia. Depois do primeiro mês comecei a trabalhar a semana inteira porque várias diretoras já conheciam meu trabalho e quando ligavam para a empresa pediam que eu fosse a substituta. Algumas queriam apenas para um dia, mas outras pediam para cobrir uma licença médica de uma semana, um mês. Depois disso só ficava sem trabalhar nos dias que queria, que eu tirava como "congé" (folga).